SINTOMAS – FLAVIO ROSSI
Sintoma é uma percepção subjetiva do indício de algo anormal e estranho ao corpo humano. Não deixa de ser, em sua essência, o anúncio de algo novo. É o que sente Flavio Rossi, estranhando um novo olhar que se aproxima, e toma
a decisão corajosa de expor sua pesquisa.
O pincel se transforma em bisturi, o artista, em cientista. Flavio disseca emoções, busca a anatomia das sensações. Opta por personagens caricatos para simbolizar a intensidade de tudo aquilo que sente. Ele convive com esses
personagens, se relaciona com eles como um autor de um romance épico. Assim como um médico, ele se depara com a dicotomia entre a técnica e emoção, ciência e intuição. A própria origem da palavra medicina vem do
latim. Significa: arte de curar.
Flavio Rossi passa a investigar a pele, que é o primeiro órgão do corpo humano, aquele que nos separa do mundo externo, que capta o ambiente e o traduz em emoções.
O cameleão domina sua pele, muda de cor e se adapta. Os seres humanos
também se adaptam com extrema facilidade, embora nem sempre se deem conta disso.
Está aí um novo conflito: o quanto somos fruto do nosso meio e o quanto somos biológicos, instintivos. Uma reflexão que passa, necessariamente, pelo tempo, tão figurado nessas obras em uma fusão de momentos e intenções.
Para Flavio, esse é um momento de despedida desses personagens, em um caminho que buscará, cada vez mais, se aproximar do abstrato, do sutil. O autor talvez os apresente pela última vez, com a dor de um possível fim e o frio
na barriga de um recomeço. Que partirá, com certeza, dessa semente aqui, da transparência contida na resina que finaliza os quadros e na água, que, no ventre, alimenta a constituição de uma nova vida.