APOLO TORRES

UM DIA ANTES

25 de Fev
Rua Peixoto Gomide, 1887
Jardim Paulista – SP

“Se soubesse que o amanhã – tão como sonhado – não viria, o que você estaria fazendo hoje?”

Neste novo corpo de trabalho, me debrucei sobre a ideia de que todas as obras representam cenas que se passam em um mesmo dia. Os personagens, objetos e lugares não têm relação direta entre si, mas compartilham a contemporaneidade e o fato de estarem absortos, ignorantes dos importantes eventos que acontecerão no dia seguinte e, invariavelmente, vão afetar a todos.

Vivemos em constante tensão sobre que mudanças o amanhã trará. Seja por forças políticas, sociais ou naturais. Existe um certo temor de que seremos a geração que vai testemunhar a ruína de nossa civilização, seja ela causada por ação humana ou por forças naturais além do nosso controle. A pandemia do coronavírus nos deu um pouco de perspectiva sobre o que significa ver ruir, de uma hora para outra, o estilo de vida e costumes de uma sociedade.

Esta mostra traz uma inquietação e inconformismo com o que tem se chamado de “novo normal”. Como teremos, por algum tempo ainda – ou talvez permanentemente, que lidar com outra forma de nos relacionarmos. Apresenta, de forma quase nostálgica, o sentimento de viver sem saber o que nos aguardava. Por outro lado traz também a reflexão de que, justamente por não saber ou não possuir o poder de controlar tais acontecimentos, nos resta viver um dia após o outro, na luta por garantir a próxima refeição, o próximo trabalho, o próximo aluguel. Por não deixar morrer a memória dos que se foram. Por tentar fazer a nossa passagem representar algo de relevante para os nossos contemporâneos, e os que virão.

SOBRE O ARTISTA

Nascido em 02 de maio de 1986 em São Paulo, Brasil.

Pintor e muralista, Apolo Torres formou-se em Desenho Industrial na Universidade Mackenzie, em São Paulo, e estudou pintura na School of Visual Arts, em Nova York. Seu trabalho dialoga com a pintura clássica, street art e arte contemporânea. Com exposições individuais no Brasil, Itália e Estados Unidos, e participações em festivais e exposições coletivas em vários países, Apolo aparece como um grande expoente do muralismo contemporâneo brasileiro.