Ao se deparar com uma pintura de Shizue Sakamoto (1969, Andradina, Brasil), pode-se facilmente acreditar ter encontrado uma espécie de portal cromático cujo centro luminoso nos convida a habitá-lo. A luz, de fato, é um dos fundamentos de suas criações, de modo que ela parece irradiar do centro de suas composições. A escala do trabalho – que pode transitar do pequeno ao grande – redimensiona as relações espaciais travadas pelo observador, convidando-o a demorar-se naquela superfície, experienciando uma outra temporalidade. Na presença da obra, envolvemo-nos em um estado quase meditativo, que evade a intermediação e contaminação do trabalho pela vontade de racionalização, evitando sua conformação pelo discurso.

A atmosfera de silêncio evocada em seus quadros, são, principalmente, resultado do protagonismo da experiência física na fruição de suas obras. O silêncio, contudo, não é da ordem da ausência. Há, na harmonia cromática das pinturas de Sakamoto, algo como um acorde musical, onde três tonalidades, se entrelaçam para a criação de uma única nota que reverbera continuamente em nós. Nesse sentido, podemos perceber certa musicalidade discreta em seus trabalhos, instaurando uma experiência sensorial que excede o campo da visão, investindo nas potencialidades sinestésicas de seus arranjos cromáticos. A abordagem inovadora de Sakamoto no campo da pintura abstrata, por fim, faz convergir as pesquisas dos campos de cor, com o apagamento da gestualidade expressiva do minimalismo.

Shizue Sakamoto realiza exposições desde 2010. Entre as principais individuais da artista, encontram-se: O jardim, na Galeria Luis Maluf, em São Paulo, Brasil (2022); Partitura em cores, na Galeria Kogan Amaro, em São Paulo, Brasil (2020); Silêncio e luz, na Galeria Tato, em São Paulo, Brasil (2017); e Dueto transcendental, na Galeria Deco, em São Paulo, Brasil (2011). Seus trabalhos participaram de diversas coletivas como: Setas e turmalinas, na Casa de Cultura do Parque, em São Paulo, Brasil (2022); Color Bind, na Galeria Kogan Amaro, em São Paulo, Brasil (2021); e Coletiva, no Auroras, em São Paulo, Brasil (2018); entre outras. Foi selecionada para o 3° Salão de Arte Contemporânea, Ponta Grossa, Brasil; e para o 46° Salão de Arte Contemporânea, Piracicaba, Brasil (2014). Integra as coleções da Fundação Marcos Amaro, Itu, Brasil e da Pinacoteca Municipal Miguel Dutra, Piracicaba, Brasil.