Exposição Individual
17 de maio 2025 a
23 de julho 2025
Luis Maluf Galeria
Rua Brig. Galvão, 996
Barra Funda, São Paulo, SP
Zanini de Zanine: forma e matéria
“Esta mostra nasce do desejo de escutar os materiais. Não apenas olhar para a forma que se inscreve sobre a matéria, mas acompanhar os gestos que a atravessam, as ausências que nela repousam, os mundos que se deixam entrever em suas texturas. Reunimos os trabalhos recentes de Zanini de Zanine que partem da cerâmica, da madeira, do metal e do papel não somente como suportes, mas como matéria sensível de inscrição, de memória e cosmologia.
A madeira e o barro, antes de qualquer manipulação, já são história e gesto. Vêm da terra, do ciclo das queimadas, trazem indícios da umidade e do calor. Em muitas cosmologias ameríndias e afro-brasileiras, essas matérias não são passivas: elas veem, ouvem, guardam. Para muitos povos, as formas geométricas evocam relações entre seres, forças, lugares e tempos. Cada linha é um elo; cada recorte, um limiar. As inscrições feitas sobre cerâmica ou madeira podem evocar mitos, delimitar corpos, traçar alianças.
As formas gravadas, pintadas ou recortadas nesses materiais — linhas, curvas, vazios, negativos — são aqui lidas nos trabalhos de Zanini para além da representação. São modos de presença, de memória e de evocação. Pela sua história pessoal e trajetória, em que o desenho e projeto sempre se fizeram presentes no design e na arquitetura, Zanini de Zanine explora a forma e a matéria para além das abstrações formais. Seus desenhos e recortes constroem uma cartografia afetiva e espiritual, uma espécie de escrita do invisível. Cada linha pode ser um caminho, uma evocação, uma memória. O que se inscreve é sempre mais que uma forma: é uma presença que pulsa sob a superfície da matéria.” — Priscyla Gomes