Bárbara Basseto, Edu Silva, Mariano Barone e Marina Sader
Quem Conta um Conto Aumenta um Ponto
16 de julho a 07 de agosto de 2022
Usina Luis Maluf
Rua Brigadeiro Galvão, 996
Esse ditado popular sugere que cada vez que um relato é passado de um
interlocutor para outro, o último acrescenta um dado novo e assim por diante,
resultando na distorção dos fatos da dita história original. A frase nos chamou a
atenção porque ela trata da repetição e do acúmulo, de como acrescentar algo
novo em cima de algo que foi feito previamente altera o resultado; e esse resultado é sempre provisório, já que novos dados podem ser acrescentados.
Quando uma pintura está pronta? Quando paramos de sobrepor camadas nela?
Essa exposição surge do desejo de uma troca entre nós quatro: ao perceber que
cada um lida com essas questões através de abordagens diversas, sentimos a
necessidade de ver como elas se tensionam ou assemelham, e quais as relações
que podem ser estabelecidas colocando os trabalhos a conviver entre si.
Quem conta um conto aumenta um ponto. Nos parece que essa frase sinaliza também a condição da linguagem ser viva, enquanto algo que é usado, apropriado e modificado pelas pessoas a partir das suas necessidades de se fazer entender. Assim como se apropriar de um tecido com uma estampa popular e usá-lo de suporte para uma pintura. Ou fazer com que a representação do corpo humano vire um dado, uma sequência ou ornamento, e se reconfigure enquanto uma dança na própria leitura da repetição.
Quem conta um conto e aumenta um ponto, está repetindo mas também alterando. O quê disso tudo se repete e o quê é acrescentado? É possível estabelecer uma fronteira entre uma coisa e a outra? As fronteiras das cores, a
fronteira entre desenho e pintura. Entre pintar em cima de um tecido estampado e representar pictoricamente esse tecido em uma superfície – superfície essa que acaba por ser o ponto de encontro entre a necessidade de fazer e a vontade de
dialogar com o mundo.
Bárbara, Edu, Mariano e Marina.
São Paulo, 15 de julho de 2022.