Subversão

RAPHAEL SAGARRA FINOK

SUBVERSÃO

01 de Abr a 14 de Mai 2022
Rua Brigadeiro Galvão, 996
Barra Funda – SP

Acontece na Usina Luís Maluf a exposição “Subversão” individual do artista Raphael Sagarra Finok.  A mostra traz obras que resultam de sua produção mais recente, trabalhos que dialogam com a cultura popular de rua, marginalidades, as suas vertentes e subculturas, em um diálogo sobre a perda e a força da identidade brasileira.

Subversão – Raphael Sagarra Finok
Abertura: 01 de abril de 2022, das 19h às 22h (gratuita e aberta ao público geral)
Visitação: de 02 de abril de 2022 a 14 de maio de 2022, se segunda a sexta das 10h às 19h, sábados das 11h às 17h.

Local: Usina Luis Maluf – Rua Brigadeiro Galvão, 996, Barra Funda – São Paulo.

Texto Curatorial:

Subversão

 

Não é nenhum segredo que em tempos adversos a arte passa a olhar para seu próprio contexto social, seu povo e suas lutas, a fim de ressignificar o presente e o futuro. Por isso penso que a pesquisa constante de Raphael Sagarra se aplica a esse conceito.

A pesquisa de Sagarra (ou Finok), iniciada pela observação do próprio artista em relação aos passantes diante os grafites que ele começou a lançar na rua durante a adolescência, lança um olhar sobre o impacto que a arte de rua criada por ele causava nas pessoas, entendendo que essa comunicação podia ser muito mais direta, uma vez que ela também ia de encontro com as pessoas – diferente do que a arte institucionalizada, em alguns casos, oferece a esse público; sabendo especialmente dos abismos econômicos presentes na nossa sociedade.

Nesse aspecto, o trabalho do artista surge como uma forma de questionamento em como observar – e não somente ele – o popular como potência, não só de transformação, mas também de resistência. Por isso interessa ao artista endossar o caráter marginal que o grafite ainda ocupa no imaginário social.

E assim, o artista passa a relacionar esse aspecto subcultural da arte de rua com outros fenômenos de massa e que, ainda hoje, são relegados tão somente como uma cultura periférica, e por isso menor. Dessa forma, é possível notar que junto aos padrões gráficos que o artista constrói em suas telas, estão presentes elementos como: as cabeças de entalhe em madeira, tão reconhecidas na arte popular brasileira, pipas, balões de festa, ex-votos e toda sorte de objetos que estão diretamente ligados a esses contextos.

Com esse ato, Finok pretende jogar luz ao que é ilegal, e por isso relegado à margem. Nesse sentido, o artista cruza essa sua pesquisa com outra sobre objetos de tortura criados no período medieval para estabelecer a ordem contra pessoas consideradas pela corte como contraventoras e marginais. E desses interesses, surge a série de pinturas Roda Alta, que apresenta elementos desconstruídos e soltos que se relacionam com esses objetos que atentavam contra quem perturbasse a ordem pública. 

Ao estabelecer uma relação entre todos esses objetos, Finok nos coloca para pensar como tudo aquilo que não está dentro de um padrão pode ser considerado à parte da sociedade, e como precisamos olhar cada vez mais fora do eixo para conseguir existir e resistir.

 

Carollina Lauriano

CONFIRA O TOUR VIRTUAL DA EXPOSIÇÃO

SOBRE O ARTISTA

Através de intervenções em espaços públicos, Finok se estabelece como um dos jovens nomes mais destacados nas ruas da megacidade de São Paulo. O seu trabalho evolui das formas tipográficas realizadas geralmente ilegalmente, para uma linguagem visual que faz uso de personagens simples, gradientes lineares multicolores e padrões geométricos que oferecem uma reinterpretação singular de formas vernáculas, crenças e imagens populares do Brasil, compondo uma narrativa pessoal imbuída de rebeldia, encanto e espiritualidade.

Através da releitura de elementos visuais incorporados a subculturas, como as pipas e balões de fogo (proibidos no Brasil), o artista discute a relação entre a marginalidade, ilegalidade, e valores sociais, ressignificando e trazendo valor a elementos que são desvalorizados.

Em suas pinturas produz imagens figurativas, com elementos populares, conceituais, religiosos, misturando esses elementos com formas geométricas e padrões que trazem influências indígenas, carregando um significado contemporâneo ligado a fronteiras e prisões.

Suas obras tomam impulso nos movimentos de cor, ora vibrantes e luminosas, outras vezes apagadas e fortes. Nas ruas lhe interessam o desafio, a quebra das regras, e a anarquia, transportando para a pintura o sofismo, dando novos significados a figuras e objetos, onde a poética conecta situações do passado com o presente.

A pintura constitui o seu campo maior de produção, mas elementos como a escultura surgem trazendo uma tridimensionalidade que dialoga com questões voltadas à miscigenação, e escravidão contemporânea, mesclando tons e diferentes tipos de madeira, sendo esses materiais ligados simbolicamente à história cultural, religiosa e popular brasileira, surgindo figuras que têm referências de ex votos, com significados invertidos e modificados da interpretação original.

Seus trabalhos mais recentes trazem referências voltadas para a arquitetura popular, inscrições feitas por pessoas em situação de rua e usuários de drogas, nos direcionando a perguntas sem respostas, com um trabalho provocativo e irônico.