3º Programa de Residência Artística

 Das muitas acepções cabíveis à definição de USINA, o projeto desta residência artística tomou para si a imagem mais pulsante, tornando este galpão industrial num lugar destinado a produção de energia, pólo de experimentação aberto ao risco, troca e transformação.

Nas abrasadoras primeiras semanas do ano, eficazes na ridicularização dos ventiladores, esta USINA abrigou 12 artistas plurais em suas proveniências, formações, identidades e expressões. Artistas com os quais nós, os curadores, trocamos aspectos dos caminhos e descaminhos da produção artística, seu compromisso ético e político, seus entraves e oportunidades. Apresentamos nossas aspirações e perguntamos sobre as deles.

Durante um mês a USINA tomou a forma de 12 espaços animados por um movimento alternado de retração e expansão, combinando as horas em que cada um mergulhava em seu próprio trabalho, concentrado em seus processos, com os momentos em que se soltavam para espiar o que os outros estavam fazendo, assistir palestras, debater temas variados, sair em passeios por instituições e ateliers, aventurar-se pelos velhos, novos e ultra-novos botecos e restaurantes que estão sacudindo o mormaço da Barra Funda, este bairro antigo que, até outro dia, não chamava a atenção do mercado imobiliário. Até que começaram a chegar os espaços de arte, repletos de produções fascinantes, encantatórias, e com elas gente interessada em saber qual a espessura desse nosso tempo.

A exposição que agora ocupa a USINA LUIS MALUF é somente mais uma etapa deste intenso processo e que visa propiciar ao público contato com uma pequena fração das poéticas mais contundentes da jovem produção artística brasileira. A impressionante qualidade dos trabalhos, mais de 500 inscrições, ressaltam a preponderância de iniciativas como esta. Que perdurem e multipliquem as usinas dedicadas a irradiar energia sobre nossos corpos e mentes.

Agnaldo Farias e Priscyla Gomes

curadores e coordenadores da Residência 2024